domingo, 21 de outubro de 2012

Dicas de Elaboração de Projetos: QUEIMA DO ALHO

Livro: Queima do Alho: alimento do corpo e da alma do  peão de boiadeiro, Luiz Mozzambani Neto


Na postagem anterior disponibilizei o Projeto "Filhos da Preta", selecionado em 2009, no Edital ProAC Nº 15 - PUBLICAÇÃO DE LIVROS NO ESTADO DE SÃO PAULO, o qual não executei por causa da premiação de outro projeto ocorrida no mesmo ano pelo Edital ProAC nº8 - PROMOÇÃO DA CONTINUIDADE DAS CULTURAS TRADICIONAIS que resultou na publicação do Livro: Queima do Alho: alimento do corpo e da alma do peão de boiadeiro, cuja 2ª Edição, ampliada e revisada, será lançada no início de 2013.


O projeto que possibilitou que eu publicasse este livro foi este que agora disponibilizo para consulta. Diferente do Projeto Filhos da Preta, cujo produto cultural era um livro de ficção, ele apresenta como produto cultural a publicação de um livro nos moldes acadêmicos e só foi possível porque o Edital ProAC nº8 - PROMOÇÃO DA CONTINUIDADE DAS CULTURAS TRADICIONAIS previa a publicação de livros de pesquisa. Por isso, a leitura atenta dos editais é fundamental para quem deseja elaborar projetos, pois é lá que estão todas as coordenadas sem as quais não conseguiremos elaborar um bom projeto. 

Desta feita, não publicarei os anexos, porque são itens repetitivos e constituem a parte de documentação do projeto. Saliento, porém que é preciso prestar muita atenção à questão da documentação, pois um ótimo projeto pode ser desclassificado por causa de um documento errado ou faltante.

Vale ressaltar que os projetos aqui disponibilizados não devem ser copiados. A intenção é que eles sirvam de base para novos projetos.

Vamos ao projeto!


Apresentação

O projeto: Livro: Queima do Alho – Alimento para o corpo e a alma do peão de boiadeiro fundamenta-se na elaboração, publicação e distribuição de um livro que registra, para fins de preservação e divulgação, os elementos culturais que envolvem a realização da Queima do Alho, nome dado ao conjunto de saberes e fazeres culturais que se efetivavam durante as refeições dos peões boiadeiros nas longas viagens pelas estradas boiadeiras nos tempos das comitivas de gado e que, ainda hoje, é preservada por comitivas organizadas que participam de concursos culturais espalhados pelo Brasil. O mais importante desses concursos é o realizado pela associação “Os Independentes” (que organiza a Festa de Peão de Boiadeiro de Barretos) que será o ponto de partida e maior fonte de informações do livro.
A Queima do Alho representa um matrimônio imaterial do povo paulista que precisa ser preservado pela importância que têm na formação da identidade cultural do nosso povo. O LIVRO (objeto deste projeto) cumprirá o importante papel de reunir informações sobre a Queima do Alho que se encontram espalhadas em registros, documentos e vivências, pelo interior de São Paulo e, confrontando-as com saberes acadêmicos, contextualizá-la histórica e culturalmente.
Vale ressaltar que foram os tropeiros que com suas andanças viabilizaram as trocas de sabores e produtos que nos levou à mistura gastronômica que até hoje praticamos em nossa cozinha típica e que a AGCIP (Associação Gestão Cultural no Interior Paulista), num esforço para manter viva essa tradição tão enraizada na história do nosso povo já iniciou junto à associação “Os Independentes” o trabalho para o pedido de registro da Queima do Alho como patrimônio imaterial da nação junto ao IPHAN e, neste sentido já dispõe de farto material de relevante interesse literário e histórico que será disponibilizado integralmente para a elaboração do livro. Além disso, a AGCIP facilitará os trabalhos de pesquisa junto às cidades a ela associadas (mais de 37 cidades) e ajudará na divulgação do livro em seus eventos realizados no interior paulista, divulgação que contará também com a importantíssima colaboração da associação “Os Independentes” entidade parceira da AGCIP e interessada na preservação deste importante patrimônio da cultura paulista e nacional.
Realizado nos moldes acadêmicos o livro será dividido em três partes: Queima do alho: a comida e a cultura de um caipira destemido, o peão de boiadeiro – Contextualização da Queima do Alho no universo da cultura caipira e nacional com ênfase na importância do peão de boiadeiro como agente disseminador da cultura e fortalecedor da economia do estado de São Paulo; Queima do Alho – Fazeres e saberes do povo paulista – Descrição detalhada de cada elemento que faz da ação cultural Queima do Alho um patrimônio imaterial da nossa cultura interiorana; Queima do Alho: do peão-tradição ao peão-atleta – um histórico da Queima do Alho e a sua contextualização junto ao Rodeio moderno no contexto da Festa de Peão de Barretos.

OBJETIVOS

GERAL:
Publicar um livro sobre a Queima do Alho e divulgar a importância desse patrimônio cultural do interior de São Paulo no universo da cultura caipira e nacional.      O público alvo do projeto são as pessoas que frequentam o universo das Festas de Peão desde o público em geral até os organizadores e peões de rodeios.
ESPECÍFICOS:
  • Realizar pesquisas bibliográficas sobre a Queima do Alho e sua importância na formação da identidade cultural do interior paulista;
  • Realizar pesquisas de campo junto aos grupos que realizam a Queima do Alho como forma de preservá-la e contextualizar sua importância na formação da cultura do interior paulista;
  • Registrar saberes e fazeres que envolvam a realização da Queima do Alho desde sua prática pelos peões de boiadeiros até os dias de hoje em que é praticada pelas comitivas organizadas e mantidas com o objetivo de preservar e divulgar a cultura do peão de boiadeiro;
  • Levar aos grupos envolvidos na preservação da Queima do Alho informações confiáveis sobre a atividade que desenvolvem como forma de muni-los de maiores conhecimentos sobre o assunto;
  • Divulgar a cultura caipira com ênfase na cultura do Peão de Boiadeiro como forma de não deixar que a mesma se perca ou se descaracterize demais;
  • Incentivar o hábito da leitura junto aos componentes das comitivas que participam do Concurso: Queima do Alho de Barretos como forma de capacitá-los ainda mais na preservação da cultura caipira;
  • Incentivar a produção de uma literatura mais intimamente ligada à cultura caipira através do resgate de saberes, fazeres e personagens que fazem parte de nossa identidade cultural.
  • Reunir dados históricos e oficiais sobre as atividades dos peões de boiadeiros como forma de documentar a importância desse personagem na formação da cultura e economia paulistas e nacionais.
  • Fazer com que as pessoas que frequentam o universo dos rodeios se reconheçam como herdeiros diretos da cultura caipira e assim, com esse sentimento de pertencimento, fiquem mais dispostos a apoiar, e mesmo participar, dos movimentos de preservação e manutenção das bases de nossa identidade cultural.

JUSTIFICATIVA

O Concurso da Queima do Alho é um concurso gastronômico onde vence a comitiva que melhor mantiver a tradição das comitivas do passado, desde as vestimentas, tropas de cavalos e mulas, até a comida preparada à moda antiga como forma de preservar os saberes e fazeres culturais dos tempos dos peões boiadeiros. O evento, realizado pela Associação “Os Independentes” como parte da Festa do Peão de Barretos, é o mais importante no que diz respeito à preservação da cultura dos peões boiadeiros. Cozinhar é atividade humana por excelência, sendo o que separa o homem dos outros animais. Ao preparar seu alimento, com a ajuda do fogo, o homem o transforma em um bem cultural para assim alimentar o corpo, mas também a alma. Neste sentido a Queima do Alho era para os peões boiadeiros muito mais do que um momento de refeições; era o momento de reafirmar a própria identidade enquanto grupo e reforçar os interesses individuais e coletivos porque o ato de comer, para o ser humano, é um ato cultural, além de social e vital. Sendo assim, a exemplo do momento das refeições nas mais diversas culturas, a Queima do Alho não consistia apenas no preparo do arroz carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne e churrasco na chapa, e sua posterior degustação. Mais do que isso, e tão importante quanto, o ritual da Queima do Alho cercava-se de saberes e fazeres culturais que servia para reforçar os laços culturais dos peões e assim prepará-los para as longas viagens pelos estradões que cortavam os sertões de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais. Deste modo, a publicação do livro justifica-se pela necessidade de se documentar e preservar tão importante patrimônio cultural, único no Brasil, que, em tempos de globalização e domínio da cultura de massa vem se perdendo. Como forma de preservar a tradição a associação “Os Independentes”, organizadores da Festa do Peão de Barretos realizam o Concurso da Queima do Alho durante a Festa do Peão de Barretos, mas, devido à grandiosidade da Festa do Peão, as pessoas não percebem a devida importância cultural da Queima do Alho de forma que a publicação do livro poderá chamar a atenção para essa atividade cultural e assim aumentar o interesse por sua preservação.Vale ressaltar que as pessoas não se sentem motivadas a preservar o patrimônio cultural pelo qual não se sentem representadas e que o LIVRO fará com que pessoas que frequentam o universo das Festas do Peão passem a valorizar a tradição da Queima do Alho por verem nela a base de sua própria identidade tanto alimentar como cultural.
Culturais: O Projeto promove a cidadania ao elevar o nível de leitura dos componentes das comitivas de peões que participam do concurso da Queima do Alho; insere os apreciadores das Festas do Peão no movimento de preservação da cultura caipira ao fazê-los sentirem-se parte deste importante patrimônio imaterial; resgata os saberes, fazeres, lugares e personagens ainda pouco abordados pela nossa historiografia e literatura e aumenta a bibliografia (ainda insuficiente) sobre a cultura caipira, especialmente sobre peões boiadeiros. 
Sociais: O Projeto Integra os mais amplos e diversos setores da sociedade, facilitando a convivência de grupos étnicos e culturais diversos. Além disso, insere os componentes das comitivas no contexto da cultura nacional atribuindo importância cultural a uma ação que a maioria fazem apenas por prazer.
Econômicos: O projeto vai distribuir 50 livros para 20 bibliotecas da região de Barretos. Incentivará através da valorização e divulgação de importantes elementos da culinária caipira o consumo do prato o que poderá gerar negócios para a indústria alimentícia. Vale ressaltar que durante a realização do Concurso da Queima do Alho em 2009 a empresa Fugini, de Monte Alto lançou um produto que faz parte da Queima do Alho que é o Arroz carreteiro. O setor turístico também pode usufruir os benefícios da divulgação da Queima do Alho através da potencialização do turismo caipira.





CRONOGRAMA DE TRABALHO


Atividades
1º mês
2º mês
3º mês
4º mês
5º mês
6º mês
7º mês
Pesquisa bibliográfica
X






Pesquisa de campo

X





Elaboração de texto


X
X
X
X

Revisão de texto





X

Diagramação do miolo e elaboração da arte-final da capa





X

Publicação do livro





X

Lançamentos






X
Entrega de 100 livros à SEC (contrapartida)






X
Distribuição de 50 livros às bibliotecas públicas da região de Barretos (contrapartida)






X
Atividades de transmissão de saberes (palestra) sobre a Queima do Alho (contrapartida)






X


1ª Etapa - Pesquisas:
Pesquisa bibliográfica realizar-se-á através da busca, sistematização, digitalização e análise de documentos (livros, jornais, revistas, teses, leis, fotos, etc) que contenham informações que possam inserir a Queima do Alho no contexto da cultura caipira e nacional. A pesquisa será realizada, basicamente, em bibliotecas públicas e particulares da região de Barretos, na internet, em repartições públicas e arquivos disponíveis de empresas e instituições. Ela fornecerá as informações para a elaboração de um arquivo que por sua vez servirá de base para a elaboração do livro. Servirá também de base para a pesquisa de campo indicando ao autor os caminhos a seguir.  Essa etapa durará um mês.

Pesquisa de campo realizar-se-á através de entrevistas com pessoas que participam das comitivas de peões que realizam a Queima do Alho; com os responsáveis pelo maior, mais antigo e respeitado Concurso de Queima do Alho (realizado pelos Independentes durante a Festa do Peão de Barretos); com historiadores e estudiosos da história do ciclo do gado no interior paulista; com artistas que trabalham a cultura caipira e com o público que participa da Queima de alho. Todo o material será gravado, transcrito, sistematizado e juntado ao material da pesquisa bibliográfica constituindo-se num único arquivo que servirá de base definitiva para a elaboração do texto final. Essa etapa durará um mês.

2ª Etapa –  Elaboração do Texto

O Texto será elaborado pelo escritor Luiz Mozzambani Neto (proponente do projeto) nos moldes de um trabalho acadêmico com sistematização das informações, referências bibliográficas e notas de rodapés. Conforme cronograma de trabalho do autor, a elaboração do texto acontecerá em quatro meses sofrendo sucessivas releituras e re-escrituras ao longo do processo até chegar ao produto final.  A linguagem será direta e simples fazendo-se uso, inclusive, de recursos ficcionais como forma de prender a atenção do leitor. O autor procurará escrever com o máximo de sofisticação literária, mas preservando o máximo de simplicidade para assim facilitar o acesso do leitor. Vale ressaltar que o proponente é autor independente, autor de dois livros: EMBRULHOS (isbn 978-85-907264-0-1) e A CIDADE QUE MATOU A ESTRELA (isbn 978-85-907264-2-5) e que está envolvido, como sócio-fundador e militante cultural da AGCIP (Associação Gestão Cultural no Interior Paulista), no processo de pedido de registro da Queima do Alho como patrimônio imaterial da cultura junto ao IPHAN.




Orçamento físico-financeiro.
1- etapas / fases
2- Descrição das etapas / fases.
3- Quantidade
4- Unidade
5- Quantidade de unidades
6- Valor Unitário
7- Total da linha
8- Total
Prazo de duração
9-
Início
10-Término
Numere as etapas/
fases
Indique o item ou serviço que será contratado / utilizado
Indique a quantidade de cada item da coluna 2
Indique a unidade de medida de cada item da coluna 3
Indique a quantidade de unidade de medida descrita na coluna 4
Indique o preço de cada unidade de despesa
coluna 3
 X
coluna 5
 X
coluna 6
Indique a soma dos totais da coluna 7
Previsão de  início e término da fase
1

PRODUÇÃO / PREPARAÇÃO


1.1

Pesquisa bibliográfica
(A pesquisa será realizada em paralelo às pesquisas que a AGCIP vem desenvolvendo no processo de pedido de registro da Queima do Alho como patrimônio imaterial e os custos de transporte e alimentação dos pesquisadores serão cobertos pela entidade cabendo ao projeto apenas a remuneração dos pesquisadores.)

Luiz Mozzambani Neto CPF 094914748-63

1
Mês


1

1500,00
1500,00

12/2009
12/2009
1.2
Pesquisa de campo
(aplica-se à pesquisa de campo o mesmo caso da pesquisa bibliográfica em relação aos custos de transporte e alimentação)

Luiz Mozzambani Neto CPF 094914748-63

1
Mês
1
1500,00
1500,00

01/2010
01/2010
TOTAL DE PRÉ-PRODUÇÃO / PREPARAÇÃO
R$ 3.000,00

2

PRODUÇÃO /EXECUÇÃO


2.1
Elaboração de texto
(o texto será elaborado pelo autor Luiz Mozzambani Neto nos moldes de um trabalho acadêmico com sistematização das informações, referências bibliográficas e notas de rodapé numa linguagem direta e simples contando também com recursos da prosa ficcional como forma de deixar o texto mais acessível.

Luiz Mozzambani Neto CPF 094914748-63
1
Mês
4
1500,00
6000,00

02/2010
05/2010
2.2
Revisão de Texto

Luiz Felipe Nunes de Moraes Ribeiro
CPF 270393608-70
1
unidade
1
1.000,00
1.000,00
05/2010
05/2010
2.3
Diagramação do miolo e arte-final da capa do livro
Antonio Carlos Mozzambani
CPF 383050118-56
1
unidade
1
1.250,00
1250,00
05/2010
05/2010
2.4
Publicação do livro
(brochura com 200 páginas com capa em papel duplex 250 colorida e com orelhas, miolo costurado em papel sulfite 90 gr e impressão em of set.
1
exemplar
500
8,00
4000,00
05/2010
05/2010
TOTAL DE PRODUÇÃO / EXECUÇÃO
12.250,00

3
DIVULGAÇÃO / COMERCIALIZAÇÃO

3.1
Banners de divulgação
1
Unidade
2
75,00
150,00

06/2010
06/2010
3.2
Cerimônia de lançamento do livro com palestra do autor e apresentação de moda de viola
1
Unidade
2
1300,00
2600,00
06/2010
06/2010
TOTAL DE DIVULGAÇÃO – COMERCIALIZAÇÃO
R$ 2.750,00

                TOTAL DO PROJETO
R$ 18.000,00



Proposta de contrapartida



         Como contrapartida do projeto Livro: Queima do Alho – Alimento para o corpo e a alma do peão de boiadeiro o proponente Luiz Mozzambani Neto entregará 100 exemplares do livro à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e realizará duas apresentações de transmissão de saberes sobre a Queima do Alho. As apresentações serão realizadas em Monte Alto (cidade natal do autor e cidade-sede da AGCIP – Associação Gestão Cultural no Interior Paulista) e em Barretos (cidade-sede da associação “Os Independentes” que organiza a Festa do Peão de Barretos e o maior Concurso da Queima do Alho do Brasil). Tendo como público alvo a população em geral, mas com ênfase nos estudantes da rede estadual de ensino, as apresentações serão feitas em Power Point com palestra do autor e contará ainda com a presença de representantes de comitivas que organizam Queima do Alho no estado de São Paulo. As apresentações serão realizadas em espaço com capacidade mínima para 300 pessoas e o ingresso será franqueado ao público tendo seus custos cobertos pelo proponente.
         Além disso, como contrapartida adicional o proponente entregará pessoalmente 50 exemplares do livro às 10 bibliotecas públicas da região de Barretos. Vale ressaltar que as contrapartidas terão importância fundamental na divulgação do livro.







Luiz mozzambani neto
proponente





informações sobre o livro


título: Queima do alho: Alimento para o corpo e a alma do peão boiadeiro.

Realizado nos moldes acadêmicos com sistematização de informações, referências bibliográficas e notas de rodapé, o livro será dividido em três partes:

1ª parte
Queima do alho: a comida e a cultura de um caipira destemido, o peão de boiadeiro
         Contextualização da Queima do Alho no universo da cultura caipira e nacional com ênfase na importância do peão de boiadeiro como agente criador de disseminador da cultura paulista e nacional.

         Neste capítulo será feita um breve histórico analítico do papel dos tropeiros na disseminação de costumes ainda nos tempos das viagens em lombo de mulas pelo interior do Brasil, na época da formação da base cultural do povo paulista. Do transporte do ouro, do café, e de outras riquezas, até a época em que o gado passou a ser transportado de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso para os frigoríficos de Barretos, no interior paulista, o papel dos tropeiros, e mais especificamente do peão de boiadeiro, será contextualizado no universo da cultura caipira através de dados históricos, literários, acadêmicos e da memória popular, levantados nas pesquisas bibliográficas e de campo. A previsão é que o capítulo, que investigará as bases da cultura caipira, e cujo conteúdo será totalmente textual, tenha em torno de 100 páginas constituindo-se a base teórica do livro. O objetivo do capítulo é resgatar a história do peão boiadeiro e inserir, no contexto de nossa cultura, essa personagem fundamental para a formação de nossa identidade cultural.

2ª parte
Queima do Alho – Fazeres e saberes do povo paulista
         Descrição detalhada de cada elemento que faz da ação cultural Queima do Alho, um patrimônio imaterial da nossa cultura interiorana.

         Neste capítulo será abordado, de forma mais descritiva, embora com breves contextualizações históricas, literárias e acadêmicas, os fazeres e saberes que envolvem a realização da Queima do Alho. Neste sentido será apresentado um “passo a passo” da ação cultural Queima do Alho abrangendo todos os seus elementos: Moda de Viola, Toques do Berrante e o preparo da refeição dos tropeiros em si. Descrever-se-á também o espaço em que se dá a atividade cultural tanto nos dias de hoje como nos tempos das comitivas de gado pelos sertões paulistas. Como dito será um capítulo descritivo, mas como forma de dar mais fluidez ao texto usar-se-á contextualizações históricas, acadêmicas e literárias além de fotos antigas e atuais. A previsão é que o capítulo tenha em torno de 60 páginas sendo o capítulo que apresentará o maior número de fotos devido à necessidade de se ilustrar os fazeres e saberes registrados.

3ª parte
Queima do Alho: do peão-tradição ao peão-atleta
          Contextualização Queima do Alho no universo do Rodeio moderno, no contexto da Festa de Peão de Barretos e outras.

         Neste capítulo será feita uma contextualização da Queima do Alho no universo dos rodeios modernos, no contexto da Festa de Peão de Barretos e outras, com o propósito de evidenciar a importância de se preservar esse importante patrimônio de nossa cultura. Destacar-se-á o trabalho valoroso das comitivas organizadas que ainda hoje conservam todos os saberes e fazeres da época das estradas boiadeiras (preservando o que é possível dentro de suas limitações) e ressaltar-se-á a importância, mesmo para os “peões-atletas” (aqueles que são vistos apenas como estrelas do mundo dos rodeios, sem qualquer conotação cultural) de se preservar a cultura que, para a surpresa de muitos, serve de base para o próprio mundo dos rodeios. O objetivo do capítulo é desmistificar a ideia equivocada de que os rodeios são festas totalmente importadas dos americanos mostrando através de dados históricos e culturais (e da própria Queima do Alho) que a raiz do nosso rodeio está nos domadores de cavalos chucros, ainda no tempo do troperismo, e que a sua descaracterização acelerada nos últimos tempos deve-se muito mais à perda da identidade cultural do público alvo (público, organizadores e peões) do que a falta de legitimidade cultural, até porque a atividade não se sustentaria sem o mínimo de identificação cultural, mesmo que inconsciente, por parte do povo. Defender-se-á, inclusive, que o resgate histórico e cultural em torno do mundo dos rodeios (com a interrupção do violento processo de descaracterização e mesmo retorno às raízes) é fundamental para que a atividade se perenize no gosto popular. Diferentemente do primeiro capítulo (mais acadêmico), e do segundo (mais descritivo), o terceiro constituir-se-á num capítulo mais opinativo em que o autor, sempre com bases nas pesquisas e avalizado por documentos e depoimentos, defenderá a desmistificação do rodeio como cultura totalmente alienígena. A previsão é que o capítulo tenha em torno de 40 páginas.

Informações técnicas:
        
         O conteúdo do livro será impresso em preto e branco no sistema of set, em papel sulfite 90 gramas, com miolo costurado e colado em capa colorida Duplex 250, com orelhas. A tiragem prevista é de 500 exemplares.





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